Fonte: Jornal O Sul
A paquera agora é segmentada
Contrariando o ditado de que os opostos se atraem, milhões de pessoas procuram parceiros parecidos em sites de relacionamento cada vez mais segmentados. Coroa, gordinho, evangélico, gay, emo, torcedor, nerd, adúltero ou funcionário público e mais uma infinidade de perfis podem encontrar o “par perfeito” em sites como Divino Amor, criado pelo grupo Match.com – responsável por um dos aplicativos que é uma referência quando o assunto é paquera, o Tinder. Conhecido como o “Tinder dos evangélicos”, o site é voltado exclusivamente para “namoros cristãos”. Basta se cadastrar na página e buscar pessoas com preferências iguais às suas para começar a conversar.
O Divino Amor funciona da mesma forma que o G Encontros, voltado ao público LGBT e que também foi criado pelo grupo Match.com. Para quem procura uma versão móvel de programas de relacionamento, é só procurar pelo aplicativo do grupo, o Par Perfeito, disponível para Android e iOS.
Nesse universo há ainda o site Coroa Metade, que cadastra usuários acima dos 40 anos através do pagamento de uma mensalidade e o recém-lançado 40street, que é gratuito e parecido com o Tinder; para conversar, basta que duas pessoas se “curtam” e estejam na faixa etária exigida indicada pelo programa. E para um namoro sério, independente da idade, pode ser usado o Kickoff. Ao se cadastrar, seus contatos do Facebook são rastreados e somente pessoas com amigos em comum com você são exibidas no app, que conta com versões para Android e iOS.
Mais segmentação
Com o slogan “Dê um basta no preconceito! Acredite em você, acredite nas suas qualidades. Aqui as pessoas irão olhar o que você tem de melhor e não para os conceitos sociais”, o site Amor de Peso, criado por Maicon Santos, se apresenta aos internautas. Ele é voltado a pessoas que estão acima do peso e querem encontrar um namorado ou namorada que não se importe com isso (e vice-versa). É só entrar e se cadastrar. Ainda do criador do Amor de Peso, o Namoro Nerd é uma página destinada às “pessoas inteligentes”. Como o próprio site diz, ele é indicado para quem é “nerd”, uma palavra que não tem definição clara, mas define aqueles que gostam de jogos de videogame, desenhos japoneses, informática e coisas do tipo.
Santos também é o mentor da rede social Namoro Estável, destinada a servidores públicos e “concursandos” que procuram se relacionar entre si. A ideia apareceu após um relacionamento que ele teve com uma funcionária pública. “O site surgiu exatamente porque tive uma experiência frustrada. Namorei por três meses, mas não deu certo. Nem foi por questões financeiras, mas por objetivos e interesses de vida”, recorda o mineiro.
Guetos virtuais
Os sites de relacionamentos para grupos cada vez mais específicos liberam pessoas tímidas para agir com mais naturalidade em meio aos iguais. No entanto, alertam especialistas, as páginas também criam guetos e a segregação pode acabar fazendo com que algumas pessoas caiam no tédio. “Essa similaridade faz com que pessoas se comportem de forma mais natural e não fiquem na expectativa de ter um perfil diferente ou serem vistas como diferentes”, destaca o psicólogo Thiago de Almeida. “Mas, se não entram novos membros no grupo, as pessoas podem ficar desgostosas.”
Entretanto, a necessidade de encontrar iguais é antiga. Antes da internet, por exemplo, já havia os grupos de dança frequentados por idosos que acabavam formando novos casais. Depois, a primeira grande rede social a virar moda no Brasil, o Orkut, passou a desempenhar esse papel. “No Orkut, havia as comunidades de que você quisesse. Com a transposição para o Facebook, perdeu-se esse espaço”, afirma a psicóloga Andréa Jotta. (Agências e AE)